quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Ônibus
Lembro-me que sentei no assento número onze, rumo à minha cidade. Aparentemente o ônibus estava vazio, quero dizer, havia muitas pessoas, mas nenhuma com brilho questionador e olhar inquietante. Logo, posso dizer que aquele ônibus estava realmente vazio. Duas cadeiras a minha frente havia uma velhinha com seu neto. Como sou apaixonada por antigas crianças que são obrigadas a serem chamadas de idosos, me aproximei e ofereci uma bolacha. Eram pessoas simples. O menino aceitou a guloseima rapidamente. Parecia faminto e a senhora obrigou-o a agradecer imediatamente. Apenas a bondade de ambos já foi o suficiente para me inundar de alegria. Hoje em dia são raras as pessoas que se mostram abertas tão depressa.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Maquiagem
Quando pequena, sempre usei e abusei das maquiagens de minha mãe, com um único objetivo: ser, ou parecer gente grande. Apenas não tinha percebido que ser gente grande vai muito além do tamanho de salto que usamos. Nunca pensei nas responsabilidades que estão aliadas com o fato de crescer. Hoje, mais do que nunca, quero ser criança para sempre.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Vinte e dois
Um número muito importante para mim, um número muito importante para nós. O vigésimo segundo dia do mês passado foi o dia em que recebi uma das propostas mais irresistíveis da minha vida. Foi a proposta de ter uma pessoa para o resto dos meus dias, e foi o que eu fiz. Eu aceitei na minha vida um homem de maior coração e beleza. A pessoa certa para mim, a pessoa dos meus sonhos. Ele é quem me faz levantar da cama todos os dias, ele é quem me faz ser uma pessoa melhor, ele é meu ponto de equilibro, meu ponto forte. De você, eu sinto muito orgulho. De você eu espero meu avesso. Não quero somente colo ou o ombro, quero também sua maior alegria. Você é minha base, meu apoio, minha vida.
domingo, 21 de outubro de 2007
Cansaço
Quando choramos transparente, é porque o vazio é tão grande que nem as cores puderam se manifestar.
sábado, 20 de outubro de 2007
Minha sociedade
As pessoas ainda não estão prontas para a sociedade, pelo menos não para a minha sociedade. Não estou falando de um mundo cor-de-rosa ou de pessoas perfeitas, mas sim de um pouco mais de respeito. As pessoas dessa sociedade distinta da minha são capazes de se auto-enganarem, de virarem as costas para seus próprios filhos. Na minha sociedade tudo seria bem diferente. Quem quiser fazer parte pode começar a acolher amor, nós podemos ser os primeiros. Cada dia as pessoas são mais seres e menos humanos.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Cores
Com os problemas do cotidiano a menina tornou-se um pouco cinzenta, isolando-se do mundo. Não brincava mais durante a tarde, não ia até a casa de sua vizinha lavar as roupinhas das bonecas. Dormiu dias e noites sem fim, dormiu o máximo que pode, até ser inundada por um sonho. Foi inundada por um belo sonho, todo colorido. As cores tingiram seu pijama, suas meias, pantufas e pensamentos. O arco-íris fora roubado do céu, mas ele fora o único, pois as nuvens, os pássaros e as flores continuaram em seus respectivos lugares.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Nuvens
Disseram-me que as nuvens são feitas de sonhos e isso me confortou muito mais. Agora consegui uma explicação para as dúvidas sobre o céu e as tais nuvens, que podem ser muito comparadas com algodão-doce, daqueles que compramos nas pracinhas nos fins de semana. Certa vez, quando Luiza era pequenina ainda, ela pediu que seu pai lhe desse uma nuvem. Não uma simples nuvem, mas uma daquelas branquinhas e redondinhas, também comparadas às ovelhinhas ou carneirinhos. Coube ao pai acreditar se a filha gostaria de um mero presente, ou de grandes sonhos.
Verdades
Um pássaro pode parecer azul a muitas pessoas. Pode ser verde-azulado para outras, talvez ter outra cor totalmente distinta ou mesmo não ter cor nenhuma. Uma verdade pode ser falsa, sempre.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Além do que se vê
Era uma princesa um pouquinho diferente. Não foi presa a uma torre, não havia um dragão e muito menos um Senhor Encantado. Todas as manhãs ela se levantava, escovava os dentes e vestia um de seus vestidos, logo amarrando uma enorme fita em seus cabelos. Neste dia, em especial, desejou vestir-se graciosamente, desejou vestir-se de amor.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Borboletas
Tento incentiva-las a voar. Dou cores ao meu jardim, saturo-o de plantas, enfeites e permito que todos os raios de sol entrem e, como de costume, dominem o lugar. Cansei de ver as borboletas estáticas, como se fossem dobradiças.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Sr. Ciro
Digamos que eu, literalmente, não sei como descrevê-lo. Não o conheci. Pelo diagnóstico dado, tinha o futebol como amor maior. Hoje me afoguei em minhas próprias dúvidas sobre o fim da vida. Nós passamos por caminhos sem acostamento, quando estamos loucos para parar. Nós vivemos a madrugada, enquanto queremos acordar. A morte alheia nos implica um sentimento, uma busca pelo socorro urgente. Primeiro, temos o desejo de virar apenas o pó, ou até mesmo de voltarmos aos primórdios, onde não tínhamos consciência sobre o mundo. Depois, temos a incrível vontade de abortar toda a nossa dor. Ele dormiu para sempre agora. Adeus, Sr. Ciro.
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