sábado, 24 de novembro de 2007
Equilíbrio
Hoje eu preciso de equilibro, mas não somente para dançar, e sim para sobreviver. Preciso de coragem para me manter viva, para manter meu coração forte enquanto não o tenho por perto. A distância pode ser vista como um instrumento para aumentar o amor, mas um instrumento bem estranho, na realidade. Os quilômetros parecem um abismo quando acordo e não tenho em quem me apoiar fisicamente. Porém, teu apoio estará sempre comigo, ainda que em pensamento.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Padaria
O freguês era o freguês de antigamente, sempre fiel. Aceitava alguns pãezinhos queimados do padeiro justamente por achar que jamais encontraria alguém que fizesse aqueles pães gordinhos de sempre. O padeiro, por sua vez, agüentava diariamente as reclamações e as histórias que os fregueses diziam na fila. A padaria se enchia todas as manhãs, por volta das sete horas. Era um corre-corre atrás de pães fresquinhos. Nesse dia, em especial, a primeira da fila era D. Luzia, uma senhora de seus 64 anos, que usava vestidinhos floridos e uma flor presa aos cabelos. D. Luiza comprou seus quatro pães e fez questão de experimenta-los para ver se estavam no ponto. Na saída, não economizou ao elogiar o padeiro que, coincidentemente ou não, era seu antigo amor adolescente. O mundo é pequeno, ô se é...
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Espetáculo
Um espetáculo vai muito além do que vemos no palco. Para os que acham que aquele show é vivo, sinto informa-los de que estão realmente equivocados. Vive aquele que está atrás das cortinas. Vivem os que vibram juntos, rezam, se apóiam, fazem a maquiagem, colocam a roupa, ensaiam. Vivem muito mais os que fazem o show, este que sempre deve continuar.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Segundo andar
Durante anos passo pelas mesmas ruas dessa cidade, mas nunca tinha reparado em um prédio abandonado, que possui cerca de quatro ou cinco andares. O prédio em si não chama a mínima atenção mesmo, mas o segundo andar desperta uma curiosidade inquietante. É o segundo andar daquele prédio que minha mãe me disse para prestar mais atenção. Há mais de um mês reparo que um senhor mora lá, um velhinho com cabelos brancos mora naquele lugar não acabado, faltando paredes, sem porta nem janelas. É realmente um prédio inacabado. Semana passada choveu sem fim e aquele senhor, como ficou? É incrível como pessoas, mesmo que nós não a conhecemos, participam de nossas vidas. Eu me preocupei com o velhinho..
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Esmolas
Diariamente vou para minhas aulas de ballet a pé. Sempre faço o mesmo caminho, até os lugares onde atravesso a rua são sempre os mesmos. É, infelizmente a rotina tomou conta de mim. Apenas uma coisa se difere nos meus dias: as pessoas que eu encontro nas ruas. Sempre passo por um prédio comercial e a cada dia vejo novos trabalhadores, mas sempre com um aspecto de cansados, sem muito entusiasmo. Quando os vejo começo a imaginar suas vidas e penso que, aparentemente, não possuem um motivo concreto para se cansarem de trabalhar. Oras, enquanto os encontro, posso ver mendigos sentados nas calçadas, esperando uma ajuda, alguém que os estenda a mão pela primeira vez na vida. Mendigos, segundo o dicionário: aquele que pede esmola para viver. Esmola, segundo o dicionário: o que se dá aos necessitados. Vamos olhar as coisas mais a fundo, vamos olhar o significado das pessoas. Preciso muito estar perto de alguém, logo, estou pedindo esmola?
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Destino
Todos os meus fins de semana têm o mesmo destino: ir onde o melhor rapaz do mundo está. Nem eu, nem ele temos culpa se nossos caminhos se uniram, ainda que por vontade própria. Eu acostumei com ele e, agora, se passo duas semanas sem vê-lo, já é como se um abismo enorme estivesse entre a gente e conversar por telefone ou qualquer outro meio de comunicação já não funciona. Precisamos de mais, precisamos do toque, do olhar. Precisamos poder nos abraçar sem fim, ou acordarmos juntos. Dorminhocos.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Profissões
Quando se é o Príncipe Encantado deve-se lutar contra dragões e libertar a mocinha da torre. Quando se é o Super-Homem deve lutar contra todo o mal e salvar a cidade. Em troca pode-se receber gratidão de muitas pessoas. Meu avô tem uma profissão um pouquinho diferente, mas tem a minha gratidão. Meu avô luta diariamente contra coisas feias e injustiças e, no final do dia, ele pode encontrar minha avó, não tão jovem quanto um princesa, mas muito bela. É, nem todas as profissões são fáceis.
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